Histórico dos 30 anos do Instituto Junguiano do Rio de Janeiro
O Instituto Junguiano do Rio de Janeiro nasceu do desejo de analistas junguianos renomados, que deram prosseguimento ao trabalho pioneiro da Dra. Nise da Silveira na divulgação, estabelecimento e formação de novos analistas junguianos no Brasil.
A história do Instituto é muito rica e, por ocasião de seu aniversário de 30 anos, o Dr. Walter Boechat, um de seus fundadores, escreveu um importante texto que narra o percurso do Instituto até aquela data. Desde então, o Instituto Junguiano do Rio de Janeiro vem crescendo cada vez mais:
Alguns dados de nosso percurso em 30 anos
Walter Boechat e Paula Boechat
Outubro de 2014.
“O Instituto Junguiano do Rio de Janeiro foi fundado em 11 de agosto de 1989. Nesse ano estamos completando, portanto, 30 anos de existência. Durante esse tempo, diversos eventos significativos tomaram lugar e enriqueceram nosso percurso. Problemas também os tivemos, e não poderia ser de outra forma. Mas nesse tempo, vivemos o arquétipo do caminho, a longuíssima via dos alquimistas, compartilhando esse espaço comum de reflexão, estudo e convivência em busca de crescimento pessoal.
Antes do Instituto existir sob a forma que tem hoje, passou por um período “pré-institucional” que os mais novos em nossa Instituição certamente não conhecem. É importante resgatar esses períodos, pois a memória é fator essencial para um sentido de identidade bem solidificado.
Tendo retornado de minha formação no Instituto C. G. Jung de Zurique, em 1979, um grupo de estudos se aglutinou em torno de mim e iniciamos um percurso informal de estudos da obra de Jung e de autores junguianos, bem como de supervisão de casos clínicos. Esse grupo passou a trabalhar nos inícios dos anos ’80 em meu consultório. Nessa época eu ainda era membro da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA) tendo participado de sua fundação em São Paulo em 1977. Nos anos ’80 eu ainda ia semanalmente a S. Paulo, participando das atividades da SBPA.
Em fins dos anos ’80 o Prof. Junito Brandão passou a colaborar com o nosso grupo de estudos. Por essa época passei a trabalhar com o caríssimo amigo Junito, participando de conferências em conjunto com ele no Rio e em outras cidades do Brasil e promovendo atividades culturais. Houve a ideia nossa de organizar um centro cultural que promovesse cultura de modo geral. A ideia foi acolhida com entusiasmo. Junito propôs o nome para a Instituição: “Humus, o Instituto do Homem”. Junito justificou o nome, salientando que “Humus” é a palavra latina que dá origem a “homem”, tendo também o sentido de seiva vital da terra.
Logo após sua fundação, o Instituto Humus realizou um evento de boa repercussão e ótimo público no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O evento constitui-se de palestras ligadas à mitologia, filosofia, arte, terapia pelo movimento e dança e psicologia junguiana. Embora o interesse fosse bastante grande nas atividades do Instituto Humus, o grupo sentiu a necessidade de uma institucionalização maior. Em nossos encontros gradualmente a ideia de um grupo junguiano mais institucionalizado foi criando raízes. Até que em 11 de agosto de 1989 foi fundado o Instituto Junguiano do Rio de Janeiro voltado para o estudo da psicologia analítica e suas aplicações clínicas e culturais. Desde o início o Prof. Junito Brandão foi ativo colaborador do Instituto Junguiano nos eventos culturais e palestras promovidas.
Outro importante fator esteve presente na gênese do Instituto Junguiano do Rio de Janeiro: houve dentro da SBPA diferenças de opinião, visões divergentes em assuntos teóricos e também pessoais. Walter e Paula Boechat no Rio, Glauco Ulson em S. Paulo, Carlos Alberto Salles em Belo Horizonte entre outros membros da SBPA preferiram se afastar da Instituição e fundar os Institutos independentes nas três cidades. Posteriormente, em 1991, houve um evento em S. Paulo de nome “Trinta anos após Jung”, organizado pela psicóloga Sophia Carakuchanski que liderava um grupo junguiano independente. O evento procurava marcar os trinta anos de falecimento de Jung e contou com amplo número de junguianos de diversas cidades. Por essa ocasião foi fundada a Associação Junguiana do Brasil, a AJB, pela junção dos três Institutos, o Instituto Junguiano do Rio de Janeiro, o Instituto Junguiano de S. Paulo e o Instituto C. G. Jung de Minas Gerais.
Entretanto a AJB não tinha ainda o reconhecimento oficial da IAAP. Tal reconhecimento envolve um protocolo mais ou menos complicado e só se completa durante os Congressos da IAAP realizados a cada três anos. O reconhecimento da AJB não foi possível no Congresso de Chicago em 1992 e somente ocorreu no Congresso seguinte, em Zurique, em 1995. A AJB passou a ser então uma Sociedade-membro da IAAP, sem ser, no entanto, uma Sociedade formadora de analistas, pois tinha na época menos de 10 membros analistas. Os membros-fundadores da AJB foram: Walter e Paula Boechat (Rio) Glauco Ulson, Elisabeth Bauch Zimmermann, Cândido Pinto Vallada, Priscilla Menegon Kaviglia (São Paulo) Carlos Alberto Salles (Belo Horizonte).
Tendo a primeira turma se graduado no Rio de Janeiro e São Paulo em 1997 a AJB passou à condição de Sociedade da IAAP formadora de analistas, pois atingiu o número mínimo de 10 membros analistas. Devido aos regulamentos da IAAP, essa primeira turma não pode ser certificada pela própria AJB. A presidente e o vice-presidente da IAAP à época, respectivamente Verena Kast e Luigi Zoja vieram ao Rio e São Paulo examinar esses candidatos para certificá-los.
Desde então o Instituto Junguiano, juntamente com os outros Institutos da AJB, passou a ter turmas regulares de formação procurando sempre seguir os critérios preconizados pela IAAP. À parte disso, sempre foram promovidas atividades culturais diversas para divulgar o pensamento de Jung. Entre esses, um dos mais importantes é o Congresso anual da AJB. O primeiro deles foi realizado pelo Instituto Junguiano do Rio de Janeiro em Visconde de Mauá, em maio de 1993.
Outra atividade da maior importância e que alcançou estabilidade e tradição na cidade foi o Curso de Pós-Graduação Lato-sensu em Psicologia Junguiana organizado por Walter Boechat e a cara amiga Professora Heloísa Cardoso. O curso foi fundado no Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação (IBMR) no segundo semestre de 1993, tendo a primeira turma iniciado em março de 1994. A partir dai o curso, constituído em quase a totalidade de seu corpo docente por membros analistas do Instituto Junguiano, formou novas turmas a cada ano, algo pouco comum em cursos semelhantes. O curso continua até hoje, agora na Universidade Estácio de Sá.
O Instituto Junguiano do Rio de Janeiro e a AJB como um todo se expandem na atualidade com vínculos cada vez maiores com a comunidade junguiana internacional, devido aos meios de comunicação mais ágeis e o maior intercâmbio cultural entre os povos. O Instituto caminha adiante buscando aprimorar suas metas, que podem ser sintetizadas em uma divulgação cada vez mais diferenciada do pensamento junguiano e a formação de analistas sempre buscando o maior rigor e aprofundamento possível”.
Passados quatro anos de nosso jubileu, somamos vinte e quatro membros analistas, dos quais dezoito são analistas didatas, e dez candidatos em formação. Inúmeros eventos, como congressos, cursos, palestras, seminários e outras atividades sobre a obra de Jung e a divulgação do pensamento junguiano têm acontecido, não somente do Instituto como instituição, mas de seus membros individualmente, sempre divulgando, estudando e praticando o conhecimento de Jung.
Neste ano, de 11 a 14 de julho, o IJRJ participou do VIII Congresso Latino-americano de Psicologia Junguiana, realizado em Bogotá, Colômbia, onde há analistas de vários países latino-americanos apresentando seus trabalhos. O IJRJ também participa dos congressos da AJB, Associação Junguiana do Brasil, onde os vários Institutos que a compõem se revezam na realização destes eventos. Em 2014 tivemos o Congresso Alma Brasileira, organizado pelo IJRJ.
O Dr. Walter Boechat ministrou um curso de 06 a 27 de abril deste ano sobre o Livro Vermelho de Jung, em novembro de 2017 tivemos o II Simpósio do IJRJ, denominado Conexões, e foi lançada, com a participação do IJRJ a Revista da AJB. Em setembro de 2016 houve o I Simpósio do IJRJ com o tema “Tributo a Nise da Silveira”, além dos eventos Café com Jung e Jung vai ao Cinema. Palestras com convidados internacionais, como Sonu Shamdasani e James Hollis também foram realizadas para o enriquecimento de todos os interessados no pensamento junguiano, além das parcerias que foram firmadas nestes quatro anos, com a Casa das Palmeiras, NUBEA – Núcleo de Bioética e Ética Aplicada da UFRJ e colaboração de outras instituições.
Também já tivemos três turmas de formação de analistas neste período e anunciamos as inscrições da nova turma de formação que iniciará em 2019. Sempre trabalhando em prol da divulgação do conhecimento junguiano no Rio de Janeiro, iniciamos Cursos Introdutórios à Psicologia Junguiana e, para o próximo ano, teremos outras atividades como desdobramentos destes cursos.